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terça-feira, 27 de outubro de 2009

- Apelo

Apelo a todos!!!!

Em 1981 e 1982 vim à Portugal e num desses anos tomei conhecimento
da obra de Miguel Torga .

Miguel Torga (pseudónimo de Adolfo Correia)
é um dos autores da língua portuguesa
que a meu ver merecia e merece o prémio Nobel da Literatura,
seja pelo conjunto de sua obra,
seja pela sua vida,
pela sua luta pela liberdade,
pela sua luta pela liberdade de expressão,
seja pela maneira como escrevia as suas poesias
de forma intensa, com muito sentimento,
mas sem nenhuma pieguice...

Pois muito bem!
Tenho vários livros dele, mas estão no Brasil.
Um dele é uma Colectânea de Poesias,
onde há uma poesia ( originalmente publicado num dos Diários)
com 3 ou 4 linhas que fala(diz)
a respeito de uma ovelha e o seu filho - borrego - a pastar.

É de uma beleza tão linda,
que gostaria de bordar em ponto cruz.

Por isso, pergunto:
Onde consigo essa poesia????

Alguém poderia arranjá-la para mim????

Já pesquisei na Internet, mas essa não a encontro....

Aguardo respostas....
Um grande abraço de Maria Filomena.


Já agora deixo algumas de suas poesias,
para se deleitarem com as palavras desse
grande poeta desaparecido em 1995:

Perfil

Não. Não tenho limites.
Quero de tudo
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos tão naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida.


Dies Irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!



Liberdade

Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, in 'Diário XII'



1 comentário:

Alma disse...

Querida Filomena, eu tenho muita obra de Miguel Torga, infelizmente durante a próxima semana não me é possivel procurar a poesia que pede pois tenho os livros em caixas por causa de obras cá em casa, mas assim que der eu procuro e envio.
bjs